Ao Sul...
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Não há memória sem saudade, não há saudade sem regresso...
Dunas atrás da casa, gafanhotos cor de madeira
Cardos cor de areia ao fim da tarde, barcos na água rósea
onde a cidade, em frente à casa, cai
De madeira caiada a casa está
sobre a areia, que escurece quando
a maré devagar desce na praia
O aglomerado proto-urbano de Faro, antiga Ossónoba, remonta à II Idade do Ferro (Sec. IV a.C. - Época Romana ).
De Harune o nome da terra foi Haron, de Haron passou a Farão e só passado o século XVI é que o topónimo se estabeleceu em Faro, pois ao tempo desta lenda ainda era Farão e o Rio Seco ainda era beneficiado com a entrada das marés.
Pois estão a ver uma graciosa rapariga que está a lavar um monte de roupa fina? É a Joana, mas a roupa não é dela. A mãe contratou lavá-la a um jovem casal de posses residente em Farão e a filha é que faz o trabalho. E como ela canta!
Canta, mas vai pensando na sua vida. Apesar de tudo, bem lhe apetecia ser dona daquela roupa, banhar-se nas límpidas águas do rio e vestir tão belos linhos. Sim, ela tinha a noção que não era nenhuma cara feia. Vaidosamente, Joana olhou as águas. E teve um estremecimento. Havia um homem junto de si! Joana voltou-se e encarou-o. Era jovem e bonito. Mouro, de certo era da fortaleza que havia mais em cima. Cumprimentaram-se, ela enleada. Ele gabou-lhe a voz e disse que precisava de falar-lhe, que deixasse a roupa que faltava lavar para o dia seguinte. Insistindo ela no que queria, respondeu-lhe o Mouro vir ao seu chamado, o que muito a surpeendeu, pois não só não o conhecia como nem o chamara!
Ele disse que gostava dela, propôs-lhe casamento e a Joana sempre a dizer não. O mouro, então, pediu-lhe que ela pensasse até ao dia seguinte, mas não trouxesse a mãe consigo, que aquilo era coisa deles. E também, por isso mesmo, nada dissesse em casa. E lá foi ela ouvir da mãe um raspanete por não ter lavado a roupa toda. Porém a mãe achou-a esquisita, e pô-la a falar.
A filha contou-lhe tudo e foi a mãe que lhe disse como ela chamaria o mouro, com uma cantiga:
Cuidando do meu cuidado
Fui ao rio para lavar
Mas logo um mouro encantado
Apareceu a meu lado
Para comigo casar.
Mas porque é mouro encantado
A mãe aconselhou-a a levar uma cruz e a obrigá-lo a jurar por ela. Assim se veria se ele tinha boas intenções. E a rapariga assim fez. Disposta a casar com ele, bastaria que o mouro se prestasse aquela pequena prova. Doutro modo seria o que a mãe mais temia: tratar-se-ia de um dos mouros encantados no palácio que havia por debaixo do rio...
Lá se encontraram os jovens no rio, logo na manhã seguinte, tal como combinado.
Ele hesitou mas acabou por estender a mão sobre a cruz e jurar que casava com ela e a amava. Porém ao fazer isto, ouviu-se um trovão, fugiu-lhe o cavalo e ele desapareceu também para nunca mais aparecer.
(Lenda de Faro e o Falso Juramento)
Roteiro das Mouras Encantadas
Agora que os dias são longos e apetecíveis, a proposta deste roteiro é visitar os lugares da região ligados ao rico manancial de lendas de que o Algarve possui uma grande tradição.
Seguir o imaginário popular, onde se combinam factos verídicos, mitos, memórias e costumes, é um percurso pela identidade dos algarvios através de gerações, é viajar por entre a cultura e as paisagens algarvias.
Podemos assim ler “ livros que estão nas memórias dos mais sábios”.
A verdadeira morada é a da alma...é sempre assim quando aqui estou, livremente cativo pelo encantamento da terra quente e mágica. Terra de sonhos e certezas, tempos cruzados, caminhos descobertos, vividos, separados, longínquos, afastados, perdidos, encontrados.
Destino meu, quente e salgado
Fruto doce, cor de sol
Terra da vida, do mar nascida
O meu norte está ao sul
Um abraço caloroso do Reino do Sul.
2 comentários:
Boas férias... mouro :))
Bjokas grandes aqui de Lx.
:)Pois fique vossa senhoria sabendo que por aqui pelos oestes, apesar do vento, tampouco se esta mal.... ;)
Se bem que, "Ao Sul" é sempre "Azul"... Aproveita! E na volta, tras relatos e fotos... mas, mais que nada, tras o sorriso e o azul... :)
Cá te esperamos
Justblue baci
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