sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Lado|A|Lado

Desde o início da madrugada que o céu ostenta uma lua completa, plena de magia, cheia de brilho, repleta de intensidade...assim era antes de me deitar...

Dormi... e quando acordei, mais cedo que o habitual, espantei-me com a teimosia daquela lua que, de forma magistral, insistia em permanecer reflectindo a sua luz; fora dos seus domínios, desafiando as leis naturais...parecia querer beijar o Sol...

A Lua situava-se bem defronte da minha janela. Não resisti e fui à varanda da cozinha, a céu aberto. Ali me deixei ficar a contemplar aquela espécie de revolta amorosa, aquele desafio dos corpos celestes perante as leis do Universo!

O Sol havia chegado e o céu estava tingido de novas cores, tons de fogo...mas a luz prata mantinha-se: Forte, arriscada, corajosa, devotada...
Devoção comovente...

Os seus raios cruzaram-se mutuamente, e ali estavam, Lua & Sol, lado a lado...

Até no céu os impossíveis acontecem.

©
Luzikz (http://www.pbase.com/luzikz)

A Lua já aqui está novamente, a emoldurar a paisagem que do meu quarto se avista...lá adiante a serra de Sintra e o palácio da Pena...iluminado...

Daqui a umas horas pode ser que tudo se repita...

Boa noite...

...Lado|A|Lado...

Há gente que espera de olhar vazio
Na chuva, no frio, encostada ao mundo
A quem nada espanta
Nenhum gesto, nem raiva ou protesto
Nem que o Sol se vá perdendo lá ao fundo

Há restos de amor e de solidão
Na pele, no chão, na rua inquieta
Os dias são iguais, já sem saudade, nem vontade
Aprendendo a não querer mais do que o que resta

A sonhar de olhos abertos, nas paragens dos desertos
A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados
A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos
A esperar de olhos fechados, outro dia, lado a lado

Há gente nas ruas que adormece
Que se esquece enquanto a noite vem
É gente que aprendeu que nada urge, nada surge
Porque os dias são viagens de ninguém

A sonhar de olhos abertos, nas paragens dos desertos
A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados
A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos
A esperar de olhos fechados, outro dia, lado a lado

Aprende-se a calar a dor, a tremura, o rubor
O que sobra de paixão
Aprende-se a conter o gesto, a raiva, o protesto
E há um dia em que a alma nos rebenta nas mãos

A sonhar de olhos abertos, nas paragens dos desertos
A esperar de olhos fechados, sem imagens de outros lados
A sonhar de olhos abertos, sem viagens e regressos
A esperar de olhos fechados, outro dia, lado a lado


3 comentários:

Anónimo disse...

Andas inspirado!sim senhor!;)...
A minha janela não se asomou a lua ladeando o sol, acabado de acordar....ainda assim obrigado...
(Em msgs de sol e lua... iluminando o meu telele :))

Curiosamente nos posts de today coincidimos nas mãos :)

Vé é se começas a deitar-te a horas!!! que se não, um dia viras reflexo dos astros :)
JB*

Adm. disse...

Adorei ;)

Brumbrum disse...

é das letras mais cheias de sentido que já ouvi!

Amo...mesmo!

Obrigada por este momento de reflexão que me obrigaste a fazer!

Bj